“Sou contra censura. Lancei É Proibido Proibir em 1968,
em plena ditadura militar”, disse o cantor e compositor baiano.
Caetano Veloso concedeu entrevista ao Estadão para falar
de seu novo projeto – um álbum em parceria com o jovem clarinetista Ivan
Sacerdote, só com músicas do cantor e compositor baiano. O disco Caetano
Veloso & Ivan Sacerdote estará disponível nas plataformas digitais
a partir desta quinta-feira (16) e tem show de lançamento previsto para 8 de
fevereiro, no Teatro Castro Alves, em Salvador (BA).
Depois de conversar com Caetano sobre o projeto, a repórter Adriana Del Ré
o abordou, por e-mail, sobre a onda obscurantista de censura que cresce no
Brasil. A jornalista lembrou duas “tentativas de censura” recentes: “ao beijo
gay na HQ vendida na Bienal do Livro no ano passado e agora ao especial
do Porta dos Fundos na Netflix”. Como esperado – ainda mais em
tempos de trevas bolsonaristas –, a resposta foi um manifesto contra o
retrocesso.
“Sou contra censura. Lancei É Proibido Proibir em
1968, em plena ditadura militar”. Adorei a atitude de Felipe Neto em relação ao
desenho do beijo gay. Vi o Especial de Natal do Porta dos
Fundos com atraso. Mas ri à beça. Os atores são muito bons e as cenas
irresistíveis”, afirmou Caetano.
Segundo o artista, é preciso valorizar a liberdade de expressão, mesmo
quando suas manifestações soam como blasfêmias:
“Venho de uma família muito religiosa, mas sempre achei muita graça em
humor blasfemo. Entendo que alguns devotos protestem. Mas censurar por razões
religiosas, não! Não estamos no Irão”.
Por fim, Caetano cutucou o presidente Jair Bolsonaro e seu discurso
neoliberal, comandado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes: “O Estado
brasileiro tem agora liberais anglo-americanos inspirando a economia. Como pode
querer tomar atitude de aiatolás?”.