Por mais dissimulada que a pessoa
seja, uma hora suas ideias se revelam, de uma forma ou de outra. No caso do
governo Bolsonaro, há uma linha de pensamento perpassando e unindo o seu
conjunto, que se manifesta em definições como as do ministro da Economia Paulo
Guedes de que os funcionários públicos são parasitas e as empregadas domésticas
abusam do dólar barato, viajando para a Disney.
- Tomado de Jornal
Tornado
- Texto em português do Brasil.
São conceitos que, na essência, não
diferem das agressões de Jair Bolsonaro a jornalistas, da sua apologia ao
terrorismo da ditadura militar e das reiteradas ofensas aos segmentos sociais
que não tolera. Assim como os desejos autoritários do ministro da Justiça,
Sérgio Moro, que faz do cargo um mero instrumento para tentar angariar poderes
discricionários, à margem do Estado Democrático de Direito, para levar adiante
o seu projeto de poder.
Como escreveu no seu Twitter o
governador do estado do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), “a ideologia da
violência e do ódio conecta coisas aparentemente desconexas: agressões contra
jornalistas; discriminação contra empregadas domésticas; proteção a milicianos;
vídeos nazistas”. “Não são deslizes, é um projeto contra a nação”, constata.
Nesse projeto, estão as ideias dos
personagens mais proeminentes do governo. O primeiro deles é Bolsonaro, que
tenta impor seus preconceitos, defendidos em geral com gritos ameaçadores. O
presidente não consegue defender nenhum ponto de vista sem calçá-lo com ofensas
e invectivas. Sua verdadeira fixação por nominar inimigos por todos os lados
revela uma figura paranóica e obsessiva.
A mesma obsessão se verifica em Paulo
Guedes, habituado a falar para ouvidos afinados com suas teses e sem nenhuma
condição de se comunicar com os que pagarão a conta do seu “ajuste fiscal”. O
resultado são os aplausos em salões repletos de gente do mundo do dinheiro e a
repulsa dos representantes do povo. Nesse caso, não há a menor possiblidade de
agradar a dois senhores.
Já Sérgio Moro adota uma tática
ardilosa. Ele se comunica de forma a mostrar ao povo, falsamente, que é o mais
categorizado paladino da moralidade do país. Sua trajetória é marcada por ações
a favor da impunidade e, ao mesmo tempo, de violações das regras democráticas.
Essas três dimensões compõem a
ideologia desse governo. O resultado é a conexão citada pelo governador do
Maranhão, conduzida pela ideologia da violência e do ódio. Ela tem nome, bem
conhecido na história: fascismo. O Brasil ainda respira os ares da Constituição
de 1988, mas não há dúvidas de que essa ideologia não tem nenhum compromisso
com a sua estrutura democrática.
O desafio que se impõe, por
contingência de fatos como esses, é o de conter os passos insanos desse
projeto. E não existe forma de se fazer isso sem a soma de forças, a união dos
que compreendem que a democracia é a base para se estabelecer as condições de
um amplo debate sobre os rumos políticos para o país voltar a ter esperança e
perspectiva de um futuro livre dessa ideologia.