Aproveitando a justa e necessária
onda de repúdio ao discurso do Secretário
nacional da Cultura, Roberto Alvim, postado no Twitter dia 16 de janeiro,
no qual ele plagia discurso do ministro da Propaganda de Adolf Hitler, Joseph
Goebbels (1897/1945), recomento fortemente o documentário de 1989, Arquitetura
da Destruição (Peter Cohen, Suécia).
- Carolina Maria Ruy / Jornal Tornado-Texto en portugués
O filme, que pode ser assistido na
íntegra e legendado no Youtube, mostra como a arte foi usada como ferramente
para um projeto de poder totalitário. Explica o aspecto cultural do nazismo, a
loucura de Hitler e o que o levou a praticar o genocídio em massa. Através de
um calculado projeto de propaganda coordenado por Goebbels, ele associava
judeus a pragas, justificando subliminarmente, o uso do gás como forma de
conter o avanço de seres indesejáveis (na visão torta dele).
Hitler cultuava um padrão estético rígido, baseado na antiguidade greco-romana. Através da Grande exposição de arte alemã, inaugurada em 1937, ele buscava afirmar este padrão em contraposição ao que chamava de “arte degenerada”. A arte degenerada, naquele caso, era a arte de vanguarda, cubista, modernista, que expressava a realidade e os conflitos sociais, não apenas a supremacia e o ideal de beleza. Segundo ele a arte “degenerada” era fruto de mentes degeneradas. Muitas delas de artistas judeus.
Interessante e assustador notar que muitos elementos da doutrina nazista são disseminados no senso comum dos dias de hoje. Em diversas passagens do filme saltam aos olhos semelhanças do pensamento de Adolf Hitler com o discurso do atual governo de Jair Bolsonaro, como a negação da arte popular, contestadora, da vanguarda artística e cultural e a rigidez de um padrão estético clássico.
Isso demonstra uma visão totalitária, elitista e discriminatória da sociedade, que pode ser muito perigosa.